sábado, 6 de junho de 2015

Voz intersilênciada

Dedico esse post a beleza da fala pausada.


O silêncio.

O sssilêncio não tem o mesmo significado para os japoneses que para nós Ocidentais. Para eles o silêncio tem a ver com respeito, evitar conflitos ou negação de uma mensagem verbal. Para o budismo, uma mente silenciosa é necessária para a iluminação. A nossa sociedade parece não valorizar o silêncio como em outras, sendo este sinônimo de abstenção, hesitação, ausência, vácuo. O próprio vazio é entendido diferentemente por nós e os orientais. Estamos imersos numa poluição sonora constante, interior e exterior. A cidade moderna é como a máquina incessante: não dorme e não se cansa. Nós, peças preferencialmente ‘perfeitas’ e ‘funcionais’ apenas descançamos para que nossa deterioração não comprometa a estrutura. Entretanto, dado a nossa padronização, somos também substituíveis, só um ruído nesse inferno sonoro.
Mas a sociedade barulhenta, não o é indistintamente. Na verdade ela compreende a força do não dito. Qu- Quantas injustiças não são ignoradas pelas mídias enviesadas? Q. Quantas opressões não são discutidas por passarem como inexistentes, naturais ou mesmo por não terem um nome? É incoteste que as palavras são poderosas.Todavia, não nos enganemos: o não-dito, o tácito, são também muito poderosos


NNNeste sentido, nós gagos, somos privilegiados. A nossa fala é intermeada com periodos de silêncio. 
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Que interessante uma fala, uma emissão vocal pontuada por momentos de silêncio! Nenhuma fala é cooontínua, é verdade. Mas uma fala estigmatizada pelo silêncio?!
Como pode uma fala naturalmente fazer-se ouvir e não fazer num só evento. É- - É paradoxal. É uma experiência única. Um rio encachoeirado é menos apreciado ou de algum modo inferior a um rio de curso sem grandes acidentes geomorfológicos? Talvez do p-ponto de vista hidroviário (e- econômico) sim.
Escutar o silêncio, ou melhor não escutar, faz bem pra cabeça. Que tal apreciarmos o silêncio da nossa própria voz?


A - - Apreciemos o silêncio da fala!

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