segunda-feira, 4 de maio de 2020

Cada palavra que eu digo é resistência

Cada palavra que eu digo é resistência


Tradução de postagem originalmente publicada em: didistutter.org

Ao descrever minha experiência com ativismo disfluente, dentre as primeiras coisas que eu falo para as pessoas é que o trabalho que eu faço é amplamente crítico da fonoaudiologia. Eu gostaria de não ter que dizer isso.

Enquanto eu afirmo o direito de qualquer pessoa de procurar a terapia que escolher para si mesma, eu estou aliviada que quando criança consegui evitá-la. Não sou crítica da fonoaudiologia para não ser contraditória. Eu gostaria de poder descrever a disfluência e o Did I Stutter (site original da publicação) e o porque eu acredito nesse trabalho para além de sua relação com a fonoaudiologia. 

Eu quero que meu trabalho seja sobre falar em meu modo selvagem, minha voz indomada. Eu quero ler poemas em minha voz não domada e revelar o fato que ninguém mais soará exatamente como eu. Eu quero encontrar outras pessoas com vozes indomadas e escutar o mundo que elas estão construindo com suas vozes. 

Mas minha voz não existe em um espaço político neutro. A fonoaudiologia se reivindica expertise sobre a gagueira e me diz que eu não deveria ser orgulhosa de ser disfluente. A maior organização sobre gagueira de meu país investe em pesquisas que previnem que como a minha existam no futuro. No grupo de auto-ajuda, eu digo: “Eu gosto mais do jeito que falo quando estou disfluente” e a fono fluente me lembra que eu não falo por todos na sala. 

Eu dou instruções para a fono de meu trabalho e ela me interrompe para me dizer que posso tomar o tempo que precisar. Eu falo sobre gaguez e ativismo por uma hora e depois um estranho da audiência me pergunta se eu tentei Lidcombe. Ou bolinhas de gude quentes. Ou cantar meus pensamentos ao invés de dizê-los. 

A fonoaudiologia tem o discurso hegemônico sobre o tema da gagueira. Ela usa esse controle para me dizer que eu poderia soar menos torta se eu me cedesse e deixasse-me assimilar. Tudo o que eu faço com minha voz indomada e em nome da diversidade comunicativa é crítico desse poder. Cada palavra que eu falo é resistência. 

Por: Erin
Trazduzido por: Renato

>>Para conferir uma poesia da Erin, veja esse vídeo:

>>Para sua versão lusófona, eis o vídeo:




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