sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Paradoxo

A gagueira é paradoxal. Quanto menos você a quer, mais ela vem. Quanto mais não é aceita, mais escabrosa ela fica. Contrariamente, ao aceitá-la, ela se suaviza. Quando é mais preciso falar, fica-se sem voz. Ante ao espelho, ela se desvanece. É fugindo que se a encontra. Ela faz o som intercarlar-se com o silêncio. Da boca pra fora e da guela pra dentro. Relaxar e enrigecer. Abrir para não sair. O eu e o outro, o outro e eu.


Olhando bem (escutando também) ela é linda, é um poema proferido em verso livre. É cíclica e pontual. Paradoxal. Os paradoxos desafiam a compreensão e nos convidam a reflexão. No Zen budismo os koans, enigmas absurdos e paradoxais, são passados para os aprendizes para conscientizá-los da limitação do pensamento lógico, e das inconsistências da comunicação verbal.


Experienciá-la é transitar entre o ser e o não ser. É a angústia de estar sem se expressar ou expressa-se com um não falar.

É as vezes morrer, sem sequer nascer

Nenhum comentário:

Postar um comentário