sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Libras e Fluência

Como já expus tive uma boa experiencia com libras e quando voltar pro Brasil quero aprender mais. Mas aí um dia escutando um episódio de StutterTalk, o entrevistador perguntou pra um menino se existisse uma pílula que curasse a gagueira, se ele a tomaria. O menino respondeu que não, porque hoje ele reconhece que a gagueira tem um papel importante na sua vida, em relação a personalidade, amizade, enfim sua história de vida
 Essa é uma das perguntas clássicas do programa e eu pensei o que eu responderia. Na hora a minha resposta foi não. Eu pensei melhor sobre o assunto e.....se eu pudesse escolher em que ocasiões tomar hahaha Então o apresentador diz, que uma resposta que ele gostou veio de uma garoto jovem, e foi exatamente essa. Hoje acredito que meu desconforto não é (ou tem sido cada vez menos) com a gagueira em si, mas com as reações das pessoas em relação a ela. Talvez isso signifique que eu precise trabalhar mais na minha aceitação a chegar num ponto que a rejeição das pessoas não me incomode mais. Isso tem a ver com outro lado da gagueira, mais psicológico, sobre o qual quero organizar melhor meus pensamentos antes de escrever. Me espantei quando percebi que a gagueira faz parte de mim, que teve um papel na pessoa que sou hoje. E como não seria ?!  Sem ela, eu seria outra pessoa hoje. Para me amar completamente e com o devido respeito, preciso me apoderar de minha história e meu presente; a aceitar as vicissitudes pelas quais passei. É legal também, se conscientizar que 
não estamos acabados, definidos e estáticos, pelo contrário, estamos sempre em transformação, em constante aprendizado, como dizia Paulo Freire, um devir constante.
Eu estava pensando se acontecesse de um dia, ficando fluente em libras, se eu ia preferir me comunicar nela do que numa língua oral.Seria como que uma fuga. Mas senti que não conseguiria deixar de usar minha voz, que se fosse possível eu me comunicar só em libras (o que não é obviamente) eu iria perder um pedaço de mim, como que negando algo. Saber que não teria que lidar com a gagueira é legal, mas fazer disso uma refúgio permanente, não acho atrativo. 
Então, meu imaior interesse por linguas sinais é devido ao seu caráter espaço-visual e as decorrências disso na comunicação, como a possibilidade de conversar a uma certa distância e a possibilidade de receber informações por duas vias simultaneamente (visual e auditiva). Acho isso curioso. 
Se alguém tem experiências com isso, ou já pensou sobre, deixa um comentário aí.

A todos um abraço!

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